Os “jogos” estão cada vez mais presentes nas organizações. Mas, como funciona e que impacto pode ter

4 February 2022

Em artigo de opinião para a Human Resources Portugal, Tomás Neves de Almeida analisa, com base em estudos, o potencial da Gamification nas organizações.

Na era digital em que vivemos, cada vez mais as empresas procuram utilizar tecnologias para melhorar a performance dos seus colaboradores. É com este objectivo que nasce o conceito de gamification.

Gamification é a utilização de mecânicas de jogo digitais para estimular os colaboradores a atingirem os seus objectivos e a adquirirem novos conhecimentos. Embora seja um tema cada vez mais falado no mercado de Recursos Humanos, não é um conceito propriamente novo. Surge no início da década de 2010, com o intuito de incentivar a competição entre as equipas de modo a potenciar os seus resultados.

No entanto, este conceito tem sofrido algumas evoluções ao longo do tempo. Em 2019, Buell, Cai e Sandino, investigadores da Harvard Business School, realizaram um estudo empírico para perceber o impacto real da gamification nas empresas de serviços. Foi descoberto que, mais do que a performance individual, as metodologias de gamification impactam positivamente o nível de entusiasmo e dedicação dos colaboradores para com a sua empresa ou, por outras palavras, o engagement.

Numa altura de pandemia, em que uma das principais preocupações das empresas, relativa aos novos modelos de trabalho, é o alinhamento entre os seus valores organizacionais e os colaboradores, esta metodologia ganha especial relevância. Mais do que o aumento da performance, a gamification permite às empresas melhorar a relação com os seus trabalhadores aumentando a satisfação e os níveis de retenção.

Mas como é que a gamification funciona ao certo? Através da combinação entre dinâmicas de competição, conteúdos formativos e elementos de jogo (pontos, rankings, prémios, feedback, medalhas, etc.), esta metodologia permite aumentar o conhecimento dos colaboradores de uma forma simples, interactiva e eficaz. Pode ser aplicada tanto num formato web mais tradicional como num formato app mais inovador e sempre à mão, através de telemóveis ou tablets.

Aplicando esta metodologia a um caso real, imaginemos uma empresa em que os comerciais são responsáveis por vender uma grande variedade de produtos e/ou serviços, todos eles diferentes entre si. O conhecimento detalhado da oferta é fulcral para o sucesso de qualquer comercial, mas nem sempre é fácil garantir que todos os detalhes são apreendidos. Através de pequenas formações em formato gamification, é possível incentivar os comerciais a terem contacto com este conhecimento de uma forma simples, interactiva e eficaz, estimulando, assim, o sucesso comercial de cada indivíduo e, consequentemente, os resultados da empresa.

Para além de competências comerciais, a gamification permite também desenvolver competências de liderança. Através de pequenas simulações, é possível criar situações que incentivam os líderes a adoptar e a aperfeiçoar competências na área da Gestão de Pessoas.

Em 2019, a TalentLMS, umas das maiores empresas do mundo na área da formação em formato gamification, conduziu diversos surveys onde validou o impacto desta metodologia nas empresas: R 88% dos trabalhadores inquiridos afirmaram que a gamification aumentava a sua produtividade e os seus resultados; 83% afirmaram que aumentava o seu nível de satisfação com a sua empresa; 89% afirmaram que passavam mais tempo em softwares/apps de formação devido a elementos de gamification.

Como é possível aferir, os resultados são claros: a gamification tem o potencial de acrescentar muito valor aos recursos humanos de uma empresa. Para além de aumentar a performance dos colaboradores, estimula os seus conhecimentos através de programas de formação mais atractivos e actuais. No entanto, vindo ao encontro dos principais desafios com que as organizações se deparam actualmente, pode-se considerar que a principal mais-valia da gamification é o aumento do engagement dos colaboradores.

Leia o artigo na sua publicação original aqui.

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